TESTEMUNHAS DO ALÉM

Blog Espírita

quinta-feira, 10 de maio de 2012

As Pessoas más e a Justiça Divina




A Terra é um planeta de expiações e provas e os espíritos que nela reencarnam são, em sua maioria, imperfeitos e, por isso, sujeitos a cometer erros. Num tipo de planeta como esse, o mal predomina sobre o bem.

Ao lado de pessoas de índole boa, há indivíduos de natureza perversa. Os bons, frequentemente, são mais doentes, sofrem mais e vivem menos. Os maus, com raras exceções, gozam boa saúde, vivem mais tempo e parecem sofrer menos.

Esse contraste pode nos induzir a pensar que Deus exige mais dos bons e deixa os maus agirem livremente, se examinarmos o problema como se o espírito só encarnasse uma vez. Muitas pessoas ficam intrigadas com a não intervenção do Criador. E questionam: por que Ele não detém os delinquentes, sobretudo os que reincidem nos mesmos crimes? Por que não retira deste mundo tais pessoas? Por que não impede tais atos?

A Doutrina Espírita nos fornece preciosos esclarecimentos sobre o assunto, fundamentados na reencarnação, livre-arbítrio e lei de causa e efeito.

Cada existência é planejada, com antecedência, no Mundo Espiritual, antes da reencarnação. A duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza fazem parte do planejamento. E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de resgatar as dívidas contraídas em outras existências. Ninguém vem à Terra para fazer o mal.

Depois de reencarnados, os espíritos conservam o livre-arbítrio. Podem desviar-se dos rumos traçados no Mundo Espiritual, abandonar os planos de trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento e desviar-se para o caminho do mal. Os espíritos mais imperfeitos correm maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação.

Deus não intervém. Deixa que Suas leis se cumpram no momento oportuno. Ensina-nos Allan Kardec: "A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando o passado" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 6).

Fica claro, pois, que o próprio espírito, utilizando o livre arbítrio que Deus concede a todos, traça a sua trajetória de deslizes e crimes hoje e grande sofrimentos no futuro, ou de aprendizado, lutas e sofrimentos hoje e felicidade no futuro.


 Umberto Ferreira

Revista Espírita Allan kardec - número 39

Escala de Valores do Espírita


O homem comum construiu para si, através dos séculos, uma escala de valores voltada para as coisas efêmeras. De acordo com ela, o homem vale pelo que tem e a sua importância é proporcional aos bens materiais que possui; e, em segundo lugar, aos títulos transitórios que ostenta. É a supervalorização dos bens materiais em detrimento das coisas espirituais.

O espírita, entretanto, tem uma concepção completamente diferente da vida. Compreende que a Terra nada mais é que uma escola abençoada, onde temos a oportunidade de realizar a nossa evolução. Entende que a verdadeira vida é a espiritual. Tem plena consciência de que os bens materiais são meios e não fim.

Por isso mesmo, a escala de valores do verdadeiro espírita será exatamente a inversa da tradicional.

Tudo o que ele faz visa primeiro à melhoria do Espírito imortal. Todos os seus atos são voltados para a conquista de bens eternos.

Por conseguinte, não se concebe um espiritista autêntico afastado do campo de trabalho da seara doutrinária em virtude de ocupações de outra ordem. Não há dúvida de que isto poderá acontecer, mas em situações transitórias.

Evidentemente não estamos preconizando o desprezo dos bens materiais, mas sim o desapego a eles, a sua utilização apenas como um dos meios de se chegar à espiritualização.

Dois ensinamentos de Jesus nos levam a compreender esta posição: um, o que nos aconselha a "acumular tesouros no Céu"; e, outro, o que nos ensina a "procurar primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça", pois que todas as outras coisas nos seriam dadas por acréscimo.

Basta refletirmos maduramente nestas palavras, para adorarmos um comportamento diametralmente oposto ao do homem comum, atribuindo às coisas materiais o valor relativo, que realmente têm, e às espirituais os valores reais, que efetivamente possuem.

Umberto Ferreira

REFORMADOR, FEVEREIRO, 1979